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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Os verbos e seus tempos







Você certamente se lembra das aulas de português, quando aprendeu a conjugar os verbos.


 Vamos ver se você sabe identificar os tempos dos verbos do versículo 24 do capítulo 5 do evangelho de João:


"Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou


tem a vida eterna e não será 


condenado, mas já passou da morte para a vida".


seis verbos nesta passagem, mas nem todos prestam atenção nos tempos.


 Os verbos "ouvir" e "crer" estão no presente. Isto significa que ouvir a Palavra de Deus e crer são coisas que você pode e deve fazer imediatamente. Ouvir hoje para crer amanhã, nem pensar. A hora é agora. Mas crer em quê?

Jesus diz que é crer naquele que o "enviou", um verbo que está no passado, pois fala da vinda de Cristo há dois mil anos. Inclui crer em Deus, em Jesus, que Deus enviou, e obviamente nos dois principais momentos de sua vinda: sua morte e ressurreição.


 Muito bem, agora você não pode alegar não ter ouvido. Mas será que pode afirmar que crê em Deus e em Jesus na cruz substituindo você no juízo de Deus e derramando seu sangue para limpar todos os pecados que você cometeu e irá cometer?

Como assim irá cometer? Até mesmo os pecados futuros? Bem, se você levar em consideração que o sangue de Jesus foi derramado há dois mil anos, é claro que naquele momento todos os seus pecados ainda eram futuros, pois você nem existia. Então, quando ele morreu para limpar os seus pecados, foi para limpar todos eles. Caso contrário, quem iria limpar os pecados cometidos após sua conversão?

Se você ouviu a Palavra de Deus e creu, o que pode esperar? Repare no tempo do verbo seguinte: "tem a vida eterna". Está no presente. Se você realmente crê, neste exato momento você é um feliz proprietário da vida eterna. Acaso uma vida eterna tem data de vencimento? Não, portanto a vida eterna que você recebe no momento em que crê é sua para sempre.

Vamos ao verbo seguinte: "não será condenado". Ouviu isso? Não será condenado. Quando? No futuro, como o tempo do verbo, quando Jesus julgar todos os seres humanos. E quer saber mais? A tradução literal é "não participará do julgamento".


 E como poderia, se você acaba de ser perdoado de todos os seus pecados? Nenhum juiz perderia tempo julgando alguém que já teve sua dívida paga e seu crime perdoado. Deus seria injusto se condenasse alguém que teve todos os seus pecados pagos por Jesus.

A confirmação disso está no tempo do último verbo: "passou da morte para a vida". A morte ficou para trás, 
o juízo deixou de existir para aquele que realmente crê, e a única perspectiva futura é viver com Cristo no céu. 




por Mário Persona, com adaptações.

Você faz diferença entre Israel e a Igreja?






Sim, e as Escrituras proféticas jamais poderão ser entendidas corretamente a menos que se tenha em mente a diferença entre Israel, que é o reino do Messias, e a Igreja, que é o corpo de Cristo.

Israel é o assunto geralmente tratado no Antigo Testamento, o qual revela historicamente (o passado) e profeticamente (o futuro) o governo de Deus na terra, onde Israel ocupa o centro. 

Por outro lado, a Igreja, que começou sua história no dia de Pentecostes e é composta de crentes tirados dentre judeus e gentios, moldados em um só corpo e unidos a Cristo como Homem em glória, é mencionada somente no Novo Testamento.


A Igreja em momento algum é o assunto da profecia, mas sim da revelação. (No antigo testamento a Igreja não é mencionada, pois ficou oculto em Deus e foi revelada somente pelo Apóstolo Paulo.)


Além disso, Israel está destinado a ser cabeça das nações e a ocupar os lugares mais elevados na terra, junto à divina presença e glória.
 A Igreja, por sua vez, será sempre celestial em seu caráter, bênção e posição.
 Os conselhos temporais de Deus dizem respeito a Israel, enquanto os Seus conselhos eternos são concernentes à Igreja.
 Israel foi estabelecido geograficamente no centro do mundo, em relação à humanidade (Ez 5:5; Dt 32:8-9), e foi abençoado e para ser de bênção para a terra (Sl 102:13-16; Is 27:6; Zc 2:11).
 Mas a Igreja está assentada nos lugares celestiais em Cristo Jesus (Ef 2:6), sendo o objeto da admiração eterna das potestades espirituais nas alturas (Ef 3:10). Leia cuidadosamente as epístolas de Paulo aos Coríntios, Efésios e Colossenses, nas quais são reveladas a verdadeira natureza, constituição, caráter e destino da Igreja.

Ezequiel 5:5 Assim diz o Senhor DEUS: Esta é Jerusalém; coloquei-a no meio das nações e das terras que estão ao redor dela.

Deuteronômio 32:8-9 Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, estabeleceu os termos dos povos, conforme o número dos filhos de Israel. Porque a porção do SENHOR é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança.

Salmo 102:13-16 Tu te levantarás e terás piedade de Sião; pois o tempo de te compadeceres dela, o tempo determinado, já chegou. Porque os teus servos têm prazer nas suas pedras, e se compadecem do seu pó. Então os gentios temerão o nome do SENHOR, e todos os reis da terra a tua glória. Quando o SENHOR edificar a Sião, aparecerá na sua glória.

Isaías 27:6 Dias virão em que Jacó lançará raízes, e florescerá e brotará Israel, e encherão de fruto a face do mundo.

Zacarias 2:11 E naquele dia muitas nações se ajuntarão ao SENHOR, e serão o meu povo, e habitarei no meio de ti e saberás que o SENHOR dos Exércitos me enviou a ti.

Efésios 2:6 E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
Efésios 3:10 Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus.


Extraídas do livro "Future Events and Coming Glories" - por Walter Scott, com adaptações.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Justificados pela fé






Leitura: João 8:37-50


Os judeus que conversam com Jesus tentam se justificar de várias maneiras. Além de apelarem para a linhagem de Abraão, eles também se comparam a outras pessoas e se consideram melhores do que a mulher adúltera, os nascidos de prostituição e os samaritanos.

Eles parecem até insinuar serem melhores do que Jesus. Afinal, não são "samaritanos endemoninhados", como acusam Jesus de ser, e nem são nascidos de uma gravidez inexplicada. Até hoje os judeus chamam Jesus de "ben Panthera", ou "filho de Pantera", um soldado romano.

Gostamos de nos justificar pela comparação com outros piores do que nós. O problema é que a única justificativa plausível para alguém ser aceito por Deus é ser tão puro, santo e justo quanto o único Homem perfeito que já passou por aqui: Jesus. Assim como acontece com o perdão, que deve partir daquele que foi ofendido, a justificação também não pode partir de nós, mas de Deus.

Quando você crê em Cristo, você não é apenas perdoado, mas é justificado, isto é, considerado justo aos olhos de Deus, que passa a enxergá-lo através do que Cristo representa para Ele.


 A justificação não muda o fato de você ser um pecador e nem diminui a gravidade do seu pecado.


 Ela altera a opinião que Deus tem de você, que passa de ímpio para justificado aos olhos Dele.


No perdão, Deus diz ao pecador: "Pode ir, você não me deve mais nada".


Na justificação, ele diz: "Pode vir morar comigo, você é idôneo".

Mas como alguém pode mudar sua opinião em relação a um transgressor? Imagine um estudante na sala de aula que, sem motivo aparente, nocauteia com um soco o colega ao lado.


 Antes de encaminhar o agressor para a diretoria para ser expulso da escola, o professor encontra uma arma no bolso do rapaz desmaiado e fica sabendo que ele planejava matá-lo.Imediatamente o agressor passa de vilão a herói aos olhos do professor. Não ocorreu nenhuma mudança na violência da agressão. O que mudou foi o conceito que o professor passou a ter daquele aluno.

O capítulo 3 de Romanos diz que "nenhuma carne será justificada diante de Deus pelas obras da lei... porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue... para que ele [Deus] seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus".

Você só pode ser justificado por Deus através destas 3 coisas: a graça, o sangue e a fé. Aí eu pergunto: será que você está tentando ser justificado com base nos seus esforços ou se comparando com os que considera piores que você?


Imagine Deus fazendo um risco no chão, ai, Ele coloca depois do risco seu filho Jesus e diz em seguida "aqueles que se consideram justos e dignos como meu filho, fiquem do mesmo lado do risco e aqueles que se considerem pecadores, fiquem do outro lado do risco", pergunto meu querido leitor:


De qual lado do risco você ficaria?  

É, eu também ficaria do lado dos pecadores, juntamente com os bandidos, estupradores, assassinos etc..., viu como não podemos nos sentir mais justos do que pessoas piores que nós? estamos do mesmo lado, ou seja de pecadores.


Por isso dependemos de um Salvador: O SENHOR JESUS CRISTO, O único.








por Mário Persona, com adaptações.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Velho X Novo






Leitura: Lucas 5:36-39

Jesus diz a eles uma parábola:

"Ninguém tira um pedaço de uma roupa nova para a coser em roupa velha, pois romperá a nova e o remendo não condiz com a velha. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá os odres, e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão; Mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão" (Lc 5:36-39). 

Esta parábola explica a impossibilidade de se misturar Lei e graça. O contexto aqui é a comparação que os fariseus fazem entre os discípulos de João Batista, que pertencem à velha ordem de coisas, e os discípulos de Jesus, que o recebem com a alegria de uma noiva na companhia de seu noivo.

É impossível fazer os princípios da graça se encaixarem no velho sistema da Lei.

 Não se tira um pedaço do novo para costurar no velho; a graça e a Lei nunca poderão andar juntas.

De igual modo ninguém colocaria vinho novo, ainda em fermentação, em um velho saco de couro que guardou vinho velho e já não tem a elasticidade necessária para o novo. O vinho novo precisa ser colocado em um odre novo para que ambos se conservem.

O que é novo tem uma energia que é destrutiva quando em contato com a velha ordem de coisas. Sempre que alguém tenta juntar Lei e graça acaba ficando sem nenhuma delas: a Lei deixa de ser Lei e a graça deixa de ser graça.

 O cristianismo é algo completamente novo que vem de uma revelação direta de Deus. Não é um conjunto de regras, ordenanças, cerimonias, objetos sagrados, clero, templo, altares e tantas coisas que faziam parte da antiga dispensação dada a Israel, hoje estamos na dispensação da graça

Mas será que o homem quer a "roupa nova"? Será que ele aprecia o "vinho novo"? Não, e a prova disso é que a maioria das religiões cristãs não passa de adaptações do judaísmo, com maior ou menor grau de elementos judaicos costurados em sua adoração, ofícios e instalações.

 Jesus complementa seu discurso dizendo: "E ninguém tendo bebido o velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho" (Lc 5:39). 

Sem dúvida, a velha ordem de coisas do legalismo judaico é mais adequada ao homem no seu estado natural. Mas a graça é sobrenatural. É apenas pela que alguém consegue enxergar que a graça é tão adequada a Deus quanto ao novo homem.

 Mas o homem, em sua carne, irá perguntar: "O que posso fazer? O que não posso fazer?". 

Por ainda não ter em si a nova vida, ele irá se apegar ao velho sistema da Lei, do tipo "Faça isso!", "Não faça aquilo!", que é mais condizente com sua velha natureza. Por isso ele dirá: "Melhor é o velho".



por Mário Persona, com adaptações.

O que significa a palavra Igreja?





Na Bíblia a palavra "igreja"  nunca  se refere a um edifício. Não existe tal idéia na Bíblia. Igreja significa simplesmente assembléia ou a reunião das pessoas. Aí está o fato que muitas pessoas não entenderem, pois  consideram o significado da palavra igreja como sendo duas coisas: um edifício ou uma denominação

Tanto um significado como outro são estranhos à Palavra de Deus. Os homens os usam, mas não foram dados por Deus, uma vez que Ele não indicou aos cristãos que construíssem qualquer edifício (além daquele que é a própria casa de Deus, que é construído com pedras vivas ‑ Ef. 2:20‑22), e Ele tampouco criou alguma denominação ("ministérios"); muito pelo contrário, o apóstolo Paulo denuncia como carnalidade levar qualquer outro nome além do nome do Senhor Jesus (I Cor. 3:4).

Os cristãos devem, evidentemente, se reunir ao nome do Senhor Jesus (Mt. 18:20), para orarem, celebrarem a Ceia do Senhor lembrando a Sua morte, aprenderem da doutrina dos apóstolos e terem comunhão uns com os outros (At. 2:42). Isso pode ser feito numa casa, ou num edifício ou salão destinado ou não exclusivamente para este fim. É importante entender que o edifício onde tal reunião ocorre nada é. Não tem o mesmo caráter do tabernáculo no deserto, do templo de Salomão ou das sinagogas dos judeus.

Estamos numa nova aliança e  nada  temos a ver com o Antigo Testamento na sua forma de adorar.
No Antigo Testamento os homens não tinham o Espírito Santo com nós temos, habitando em nós. Cristo não havia sido morto e glorificado. Toda a adoração era exterior. Tudo mudou (leia João 4).

 O tabernáculo foi mandado construir pelo próprio Deus, que deu até mesmo as medidas, o mesmo ocorrendo com o templo. As sinagogas eram uma iniciativa dos judeus para ser apenas um lugar de leitura, e não tinham o caráter de um lugar de adoração (o qual estava em Jerusalém e em nenhum outro lugar ‑ Veja Deut. 12).

Hoje temos um tabernáculo, um lugar para entrarmos e adorarmos a Deus. Mas qualquer cristão que considerar um edifício de pedra ou tijolo (um lugar físico, enfim) como sendo o lugar de adoração, está desprezando o que diz a Palavra de Deus; está até mesmo rebaixando o lugar de adoração. 

"Ora a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade, ministro do santuário, o qual o Senhor fundou, e não o homem... Tendo pois, irmãos ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é pela sua carne" (Hb. 8:1,2; 10:19,20).

Portanto, nosso santuário, nosso tabernáculo, o edifício santo onde podemos entrar para adorar está no céu! Não se encontra mais sobre esta terra, como no tempo da antiga dispensação. Não é mais feito por mãos de homens e não tem mais sacerdotes pecadores e falhos. Não, nosso lugar de adoração está no céu, tendo o próprio Senhor Jesus Cristo como nosso Sumo Sacerdote. Qualquer coisa menos do que isso é voltar ao judaísmo; é ficar "nas sombras" e deixar de usufruir o cumprimento da Palavra de Deus (Hb 8:4,5).

Espero que entenda que o cristianismo que você vê ao redor é uma mistura de judaísmo. Isso foi estabelecido pelo catolicismo romano, com seus templos consagrados, sacerdotes, altares, rituais, roupas especiais e todo o aparato para uma adoração exterior, como era no tempo do Antigo Testamento. Isso foi adotado em muitos pontos pelo protestantismo, que preservou a idéia de templos, sacerdotes (algumas denominações usam este termo para o pastor, como também chamam de altar o local onde está o púlpito) e rituais. Tudo isso tem a ver com o judaísmo e nós não estamos no judaísmo. Estamos em outra dispensação, ou seja, da GRAÇA

Tudo isso tende a uma adoração terrena, dentro de um sistema humano de ritos e lugares santificados. Cristo sofreu fora do arraial que representava todo o sistema judaico, e por isso a Palavra nos exorta a sairmos a Cristo ou para estarmos com Cristo, fora do arraial (o sistema religioso judaico), levando o Seu vitupério ou Sua rejeição "porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura" (Hebreus 13:10‑15).

Se temos que sair a Cristo, é porque Ele está fora de todo o sistema judaico. E a mesma situação você encontrará em Laodicéia, que representa os últimos dias da Igreja antes do arrebatamento: Cristo encontra‑se do lado de fora, à porta, batendo e esperando ser atendido por aqueles que ouvirem a Sua voz (Ap. 3:20). Embora esta passagem seja muito usada em evangelismo, dirigindo‑se ao pecador sem Cristo, no seu contexto está conectada à Laodicéia, ou seja, a cristãos. "...ouvir a minha voz" se refere à escutar a Palavra do Senhor, conforme é revelada nas Escrituras, e não ser levado pelos costumes dos homens.



por Mário Persona, com adaptações.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O "ide por todo o mundo" não foi dado a Igreja?




Não, o "ide por todo o mundo" não foi uma ordem dada à igreja por uma razão bem simples: a igreja não existia antes de Atos 2. Portanto a ordem foi dada diretamente aos apóstolos em um tempo em que estavam na condição de discípulos judeus do Messias de Israel. Era uma ordem dada em um diferente contexto.


Existe muita confusão quando você aceita o que as denominações ensinam sem conferir no contexto do que cada coisa é ensinada na Palavra de Deus. A ênfase que muitas denominações dão ao evangelismo está fora de lugar se considerarmos que a igreja não é uma organização evangelística. 

Não é papel da igreja evangelizar, como se fosse uma organização missionária, e nem salvar o mundo da fome e da miséria, como se fosse uma ONG beneficente. A ocupação da igreja é com Cristo (não com incrédulos) em quatro atividades básicas, todas elas culminando na adoração:

Ats 2:42 E perseveravam na
 DOUTRINA DOS APÓSTOLOS, e naCOMUNHÃO, e no PARTIR DO PÃO, e nas ORAÇÕES.

E o evangelismo, não é importante? Sim, importantíssimo, mas a igreja é um corpo de adoradores, não de evangelistas.

Os adoradores Deus procura, os evangelistas Ele dá.

 A adoração é a ocupação com Deus, a evangelização é a ocupação com os incrédulos, no sentido de serem salvos para serem transformados em adoradores. Isso acontece "no mundo", e não na igreja, que é uma corporação formada por salvos.

Joã 4:2124 Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que
 nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. 

Assim, o dom de evangelista é dado por Cristo a indivíduos para que saiam pelo mundo trazendo "matéria prima" para a igreja, ou seja, salvos. Os outros dons são voltados para os que já estão salvos.

Efs 4:11-12 E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
 evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; 

As denominações ("ministérios") não compreendem o que é igreja, e o simples fato de serem denominações já demonstra isso (porque se compreendessem não teriam outro nome para identificá-las e nem agiriam como organismos independentes do corpo).

 Essa falta de compreensão também do que é adoração em assembleia faz com que fiquem quase sempre ocupadas com evangelismo, e isso pode chegar a um ponto tal que coloca um fardo sobre pessoas que não são evangelistas, isto é, não têm tal dom e são obrigadas a evangelizar.

 São traçadas metas, são feitos gráficos de crescimento, são feitos planos de alcance mundial e as pessoas são treinadas como se fossem uma tropa de choque. Tudo isso é planejamento humano, mas nada tem a ver com o dom que Cristo dá às pessoas.

A ordem de Jesus,
 "Ide por todo o mundo...", foi dada aos apóstolos dentro de um contexto do judaísmo, e não da igreja que só seria fundada algum tempo mais tarde (Edificarei a minha Igreja... repare o verbo no futuro. Mt16:18). 

Quer dizer que não devemos "ir" e evangelizar. É claro que devemos, porque tudo em Atos e nas epístolas nos mostra isso. Mas não podemos tirar um versículo do contexto para fazermos isso. Só entendemos corretamente as Escrituras quando as dividimos com a sabedoria que o Espírito nos dá. E é muito improvável que você entenda o caráter dos evangelhos se não entender corretamente as dispensações ou diferentes formas administrativas usadas por Deus ao longo da história.


2 Timóteo 2:15

(ACF) Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que
 maneja bem a palavra da verdade. 

(Darby) Strive diligently to present thyself approved to God, a workman that has not to be ashamed,
 cutting in a straight line the word of truth. 

Esse "maneja" é no sentido de cortar corretamente ou repartir e colocar cada coisa no seu lugar. E o lugar dos evangelhos é o Antigo Testamento. 



Tudo ali é judaísmo, porque Jesus veio para os judeus ("veio para o que era seu..."). Exceto duas únicas menções da igreja (Mt 16 e Mt 18), Jesus está tratando com judeus. Considerando que os judeus o rejeitariam ("...mas os seus não o receberam" Jo 1:11), então pode-se perceber que as instruções permanecem válidas para os judeus que irão se converter após o arrebatamento. Assim o"ide" é, em primeira instância, dirigido aos judeus convertidos que deverão pregar o "evangelho do reino" e não o "evangelho da graça de Deus".

Mar 16:15-20 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém.
 

Eles realmente "pregaram por todas as partes", e sinais acompanharam sua pregação, o que aconteceu até nos primeiros tempos de Atos.

 Mas neste momento não foram pregar por todo o mundo. Para entendermos a Palavra é preciso discernir que também precisamos dividir a profecia referente ao mundo e a Israel. Por exemplo, quando você lê Daniel 9 precisará entender que existe uma divisão ali, um parêntese antes dos últimos sete anos "ou semana" da profecia, ou não terá como fechar a contagem de anos.

Dan 9:24-27 "Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos.

 E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo [romanos] do príncipe, que há de vir [esse príncipe é o anticristo], destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. [ENTRA AQUI O PERÍODO DA IGREJA] E ele [o príncipe do versículo anterior, que é o anticristo futuro] firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador". 

Quer ver outra profecia que o próprio Senhor mostrou que precisava ser dividida para fazer sentido?

Luc 4:17 "E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.
 

Repare que ele parou a profecia em um determinado ponto, porque o restante dela ainda se cumprirá no futuro. Se ler a profecia toda em Isaías 61:1 verá que Jesus parou em
 "Apregoar o ano aceitável do Senhor", antes de dizer "... e o dia da vingança do nosso Deus". Isto porque o dia da vingança ainda virá  e entre uma coisa e outra entraria o período da Igreja. 

Mais um exemplo?

Pedro cita Joel em Atos como sendo aquilo que estava acontecendo naquele momento da fundação da Igreja:

Ats 2:16-21 Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; E os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, Os vossos jovens terão visões, E os vossos velhos terão sonhos; E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão; E farei aparecer prodígios em cima, no céu; E sinais em baixo na terra, Sangue, fogo e vapor de fumo. O sol se converterá em trevas, E a lua em sangue, Antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor; E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
 

Será que vimos o Espírito ser derramado sobre TODA A CARNE? Será que vimos "prodígios em cima, no céu, e sinais em baixo, na terra, sangue, fogo e vapor de fumo"? Será que vimos o sol se converter em trevas e a lua em sangue? Não, porque Pedro mencionou a profecia porque apenas uma parte dela estava se cumprindo naquele momento. Se não tivermos discernimento podemos querer aplicar as coisas na época e situação erradas, causando grande confusão.

O que os apóstolos pregavam era confirmado com sinais, era bem semelhante ao que o Senhor pregava, era a mensagem do Reino e aqueles que eram curados os apóstolos certamente diriam para irem ao Templo oferecer os sacrifícios conforme exigia a Lei, pois era assim também que Jesus agia ao curar alguém.

Mar 1:44 E disse-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; porém vai,
 mostra-te ao sacerdote, e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho. 

Luc_5:14 E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse. Mas vai, disse,
 mostra-te ao sacerdote, e oferece, pela tua purificação, o que Moisés determinou, para que lhes sirva de testemunho. 


Essa primeira "evangelização" dos apóstolos obviamente foi interrompida pois tudo passou a ser diferente. Veja que a promessa do Senhor era de que eles não terminariam de percorrer toda a terra de Israel antes que o Senhor voltasse. Fica muito claro que isto ocorrerá no contexto da grande tribulação, ou seja, é uma ordem dada para um tempo que não tem nada a ver com a igreja:

Mat 10:23 Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que
 não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do homem. 

Os apóstolos estavam em uma condição muito diferente da que nós hoje estamos como igreja. Eeles não tinham o Espírito Santo habitando em si, e a partir de Pentecostes já tinham. A própria mensagem de ir por todo o mundo não fazia muito sentido para aqueles judeus e basta lermos Atos para percebermos que houve muita relutância em entender que a igreja era um corpo formado por judeus e gentios igualmente salvos e com iguais privilégios. Foi somente com a revelação dada a Paulo do que era o corpo de Cristo que os outros apóstolos também passaram a entender a igreja.

Antes disso um gentio convertido ao judaísmo não tinha todos os privilégios que tinha um judeu. Por exemplo, o eunuco que se converte a Cristo em Atos 8 era um gentio convertido, um prosélito, que ia a Jerusalém adorar mas não podia nem entrar no templo, pois era eunuco (castrado) e a Lei não permitia seu acesso.
 

Deu 23:1 Aquele a quem forem trilhados os testículos, ou cortado o membro viril, não entrará na congregação do SENHOR.
 

Hoje (dispensação da graça), não pregamos como os apóstolos faziam nos evangelhos. Não anunciamos que o Reino de Deus é chegado porque o Reino já está aqui, não em sua forma manifesta porque o Rei foi rejeitado. Mas virá a ser instalado no mundo quando Cristo voltar para reinar.

 O evangelho que pregamos hoje é o da salvação pela fé em Cristo. No período da igreja que vemos em Atos, quando um apóstolo curava alguém ele já não dizia para a pessoa apresentar-se ao sacerdote em Jerusalém e fazer as ofertas exigidas pela Lei para sua purificação, como o Senhor fazia antes. Dá para perceber que estamos vivendo em uma outra dispensação?

Após o arrebatamento da igreja as coisas voltarão a ser bem parecidas com as condições dos tempos dos evangelhos. Haverá um governo que em muito se assemelhará ao império romano, porém com a introdução da democracia nele. É por isso que o último reino da estátua vista por Daniel tem os pés de ferro e barro.
 

Dan 2:33 As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e em parte de barro.
 

O ferro era o mesmo material das pernas e representa o Império Romano, enquanto o barro nos fala de humanidade, pois o homem veio do barro. Democracia e o poder colocado nas mãos do povo, ou seja, o ferro do governo misturado com o barro da humanidade.

Nesse tempo (após o arrebatamento) as atenções se voltarão ainda mais para a Europa e Israel. É disso que fala praticamente todo o Apocalipse, com exceção dos primeiros 3 capítulos e dos últimos. Portanto, encare muito do que você encontra nos evangelhos como instruções que foram suspensas até que o mundo esteja novamente configurado para elas serem colocadas em prática.
 

O "ide" foi dado nesse contexto. Mas será que isto significa que não devemos "ir"? É claro que devemos, mas não como igreja, e sim como indivíduos, pregando o evangelho da graça de Deus e encaminhando aqueles que se convertem para estarem congregados onde o Senhor está no meio. O caráter individual (e não como "igreja") da evangelização fica muito evidente em passagens como estas:

Ats 8:4-5 Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra. E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo.
 

Ats 11:19-21 E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. E havia entre eles alguns homens cíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor.
 





por Mário Persona, com adaptações.